António Victorino d’Almeida

Convidado Especial FMJ 2018
António Victorino d'Almeida

António Victorino d’Almeida

Convidado Especial FMJ 2018

Biografia

De uma família da alta burguesia, com raízes na aristocracia açoriana, foi marcado pelas referências culturais que o ambiente familiar lhe proporcionou — o seu avô paterno, Achilles d’Almeida, era músico amador, poeta, autor e encenador de peças de teatro; a mãe, Maria Amélia Goulart de Medeiros, de origem açoriana, fizera uma breve carreira de cantora lírica. A sua primeira sogra, Odette de Saint-Maurice, foi escritora e locutora de rádio. O pai, o advogado Victorino d’Almeida, incentivou António, filho único, a desenvolver o seu gosto pela música.

Com tais ascendentes artísticos, o jovem António Vitorino d’Almeida começou desde muito cedo a aprender música e cedo também se revelou o seu talento extraordinário — aos cinco anos compôs a primeira obra. Com sete anos deu a primeira audição e interpretou obras de Mozart e Beethoven, para além de duas peças de sua autoria. Uma crítica da época, no Século Ilustrado, baptiza o pequeno prodígio de “Antonito” e considera «maravilhoso o seu poder de interpretação». Uma notícia do Diário Popular, de 16 de Abril de 1955, refere o seu primeiro concerto no Conservatório Nacional.

O maestro diria que, apesar da precocidade do seu desempenho artístico, teve uma infância «normal». Victorino d’Ameida frequentou o liceu em simultaneidade com o Curso Superior de Piano no Conservatório Nacional de Lisboa. Campos Coelho terá sido o professor de música que mais o influenciou. Concluiu o curso com 19 valores e obteve uma bolsa de estudo do Instituto de Alta Cultura para estudar composição em Viena de Áustria, na Academia de Música. Foi aluno do professor austríaco Karl Schiske, e concluiu esta pós-graduação com a mais alta classificação dada por aquela escola: a distinção por unanimidade do júri e consequente prémio especial do Ministério da Cultura da Áustria. Fixou residência em Viena, onde viveu durante duas décadas, sem contudo deixar de fazer visitas regulares ao seu país.

Durante sete anos (1974-1981), foi adido cultural da Embaixada Portuguesa em Viena, cargo que lhe valeu uma condecoração atribuída pelo Presidente da República da Áustria. Em 1989 decide entrar na arena política nacional e apresenta a sua candidatura ao Parlamento Europeu como cabeça de lista pelo MPD/CDE, vaga que não chegou a preencher. Victorino d’Almeida leccionou ainda cursos de musicologia na Universidade do Porto e em Tavira.

A sua carreira como concertista entrou algumas vezes em conflito com a actividade de composição e ambas sofrem da dispersão por áreas aparentemente tão distintas como o cinema, a televisão, a escrita e a rádio. Apesar de ter sempre o tempo muito ocupado, privilegia sempre a música, pois considera ser essencialmente um compositor e argumenta que a música é o elo que dá consistência a tudo o que faz. A sua obra é muito vasta, e abrange os mais variados géneros musicais, desde a música a solo, para piano e outros instrumentos, à música de câmara, à música sinfónica e coral-sinfónica, ao “Lied” ou à ópera, além de muita música para cinema ou para teatro e fado, sendo sem dúvida um dos compositores portugueses que mais obra produziu.

Tem a sua música publicada na AvA Musical Editions.

A 9 de Junho de 2005 foi feito Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.